AMIZADE: COMPRA-SE, GANHA-SE OU CONQUISTA-SE?

 

          Que pergunta idiota seria essa? Onde já se viu você comprar amizade? É óbvio que amizade não e compra.

          Mas se por acaso tem existirem pessoas dispostas a fazerem qualquer coisa pra se aproximar daquela pela qual se almeja os cuidados de amigo? Se comprar algo para agradar seria em outros termos um negócio rentável a curto ou longo prazo?

          Conheço pessoas que são amigos sinceros, buscam agradar de certa forma a pessoa alvo de cuidados e faz o possível para que aqueles momentos sejam costurados e tecidos por longos anos, objetivando uma solidez de integridade, companheirismo e de longe se dizendo um amigo de verdade.

          Também vi os outros lados dessas situações, aqueles que a qualquer custo buscam ter amigos por inveja de outras amizades, tecem elogios falsos, pregam camaradagens enfadonhas e chegam a falar de fatos não ocorridos nessa suposta amizade.

          E por fim aquela amizade meramente interesseira, que procura se aproximar de quem ou de que para conseguir seus obscuros objetivos. Em que intuito, quais suas reais intenções nisso tudo. A que ponto estariam dispostos a seguirem com seus planos para dizer que “fulano” é meu amigo, tentando obter dele vantagens, sejam elas de qualquer tipo?

          Então vou-lhes contar de uma amizade, regada durante 17 anos. Pelo menos vejo um pouco de cada um dos itens citados em epigrafe.

          Era uma vez um menino que havia feito a comunhão num bairro distante, e depois disso ficou afastado de suas obrigações religiosas e de certa forma sentia tédio com toda aquela ritualidade, formalidade e mesmice, da qual ele – um garoto de meros 11 anos – não sentia interesse.

          Por “enes” fatores esse menino mudou-se para um bairro, ficar perto de pessoas que ele amava e essas pessoas o amavam tanto quanto ele amava, o compreendiam. Era um sonho, que por hora estava sendo realizado. Estava em êxtase, tudo pra ele era novo, bonito, interessante, curioso, almejado. E as coisas da igreja pra ele tiveram outros sentidos, outra forma de olhar, agora via naquela ritualidade uma beleza escondida, a mesma mesmice de dois aos atrás agora era agradável aos olhos e ao coração.

          Um dia, uma missa, uma menina, seus olhos encantadores, sua fala meiga, seu brilho, sua inteligência, seu coração e sua singeleza haviam arrebatado seu coração e tudo o que ele mais queria era falar com ela, ser amigo, se aproximar, dizer que a admirava por ser daquele jeitinho que o cativara. Foram-se passando alguns meses, chegou-se há um ano praticamente e seu desejo de só dizer “oi” foi ficando mais intenso. Mas por que não falou logo, cumprimentou-a e disse seu nome e perguntou pelo dela? Esquece de dizer-lhes: o menino era tímido – pelo menos naquela época – e aquilo o consumia até surgir uma oportunidade...

          Dezembro, de 17 anos atrás, ele foi comprar um cigarro – Não! Ele não fumava. Deixa explicar: uma tia dele havia pedido pra comprá-los e acreditem, naquela época havia racionamento de cigarros... – e lá foi ele, sem dia, sem hora, sem período, sem clima previsto, sem idéia na cabeça, sem sonhar, nem imaginar que seu dia monótono, tedioso e chato estaria se transformando numa encantadora e extraordinária transformação e o dia passa para alegre, feliz, inexplicável e amável. Ele encontrou aquela menina que seus olhos e seu coração a queriam como amiga, não mais que isso só amiga. Sentiu um pulso dentro de si e seu coração não mais se controlou, batia freneticamente e em certo momento razão e emoção agiram juntas e ele falou com ela poucas palavras conseguiu se expressar e esse é um diálogo metafórico do dia:

­- Oi... tudo bem...

-“Oi, tudo bem.

- Você é da igreja né?...

- Sim.

- Tô lá tem pouco tempo... sou novo...

- Que legal, seja bem vindo!

- obrigado! Mas queria lhe dizer que ainda estou perdido, não conheço ninguém...

- Você vai que hora pra missa?

- Fui na missa da noite, onde tinha um grupo de jovens.

- Ok! Estarei lá e poderemos conversar.

- Por mim tudo bem, obrigado.

- De nada.

          ...Vocês entenderam? Ele só falou isso? Não acredito! Que Zé Mané! O cara louco pra dizer pra ela que havia gostado dela de coração e que a queria como amiga, queria ser amigo, queria tê-la ao lado, pra conversar e saber que poderia ser ouvido... Mas tudo bem ficou pra missa do domingo a noite, onde tinha um grupo de jovens.

          Bom, daí foram passando os dias, meses anos e surgia no amadurecimento algumas divergências de ideologias e algumas palavras tornaram-se amargas, cruéis e estúpidas. Essa amizade foi ferida pela indiferença e choque, da disparidade, do orgulho, egoísmo e da incompreensão. Palavras doeram nos corações; corações se quebraram, e os cacos foram espalhados.

          Passou-se mais de um ano e esses cacos foram trazidos de volta, caco a caco foram colados e novamente se viam corações fragmentados, mas novamente unidos, com poucas e doídas mágoas, mas de novo unidas.

          Os anos passaram novamente esses corações com suas marcas foram pintados e o que eram cacos remendados se tornou novo. E os corações de ambos não falavam mais em amizade, falavam em amor e esse amor foi cultivado, foi vivido, foi esvaziado... houve pedras no caminho que tropeços seriam inevitáveis e mais uma vez o vaso vai ao chão e dele novos cacos...

          Da parte dele da amizade foi ser franco, jogar limpo e falar do que sentia o que havia acontecido. Da parte dela carinho, compreensão e amor. Da parte de ambos o respeito por uma longa amizade, que voltaria mais forte e vibrante. Anos de caminhada, de uma fé construída na fé, no amor de Deus que une os corações e abranda os aflitos.

          Essa amizade é algo que realmente não se pode deixar de escanteio, muito menos deixar evadir pelo esquecimento, pelo tempo. Amizades assim é o motivo de inveja de muitos, é motivo de orgulho para outros. É motivo de espelho para alguns, é sinônimo de fé para uma platéia distante. É amor para ambos os lados que se vê.

          Nessas poucas linhas venho expressar, meu carinho, bênção, alegria, amor, dedicação, devoção e admiração por você, JAÍNA, minha grande amiga das horas difíceis, das horas alegres, das horas “alcoviteiras”, do sorriso, do olhar, tudo que levaria comigo e falarei um dia ao meu Pai do Céu que na Terra tive sim uma amiga pela qual amei muito. De coração, especialmente pra você que em muitos momentos foi luz na minha vida.

JONASCIMENTO

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