VOCÊ TEM IRMÃOS/AS?

 

          Nossa! Que pergunta fácil de responder: sim ou não! Mas vem os “mas” agora. Quem se dá bem com seus/uas irmãos/ãs? Hum... ficou pouco reflexivo agora hein... Diga a verdade, você tem irmãos/ãs que amam, porque eles/as fazem o possível pra serem agradáveis e amigos, até confidentes em alguns casos. Mas vamos a alguns fatos pelos quais ter irmãos/ãs pode e/ou não pode ser problemas.

          Você é irmão/ã mais velho/a, viu seu mundo cair quando veio aquele/a irmão/ã atrapalhar seu paraíso, seu aconchego... Hum... Já vi que você vai ter problemas pela frente. Mas se você estava só, esperando companhia, já que você poucas vezes poderia sair de casa devido ao excesso de cuidados dos seus pais e só tinha seus brinquedos para entretenimento, um/a irmão/ã veio bem a calhar. Parabéns! Você tem um/a novo/a irmão/ã.

          Você pertence a uma classe que não é dos/as irmãos/ãs mais velhos/as, muito menos dos/as caçulas? Você obviamente é um produto do meio e acredite, você não é tanto assim xodó, por que os/as mais novos/as são centro da atenção da família e os/as velhos/as são independentes e fazem o que querem e vão pra onde querem – teoricamente falando – e você quer mostrar a todos que tem seu grau de importância.

          Já sei, você é o/a caçula da turma e se sente humilhado/a pelos/as mais velhos/as, explorado/a, execrado/a... Nossa! Você é um/a guerreiro/a nesse pequeno mundo de contradições, seu/uas irmão/ãs fazem você de peteca (isso é um brinquedo para os/as novos/as que não sabem) e chorando você recorre a papai e mamãe? Olha, você vai sofrer com isso até uma certa idade, e mesmo grande ainda vai ser lembrado como aquele que sofreu na mão dos demais. Brincadeira! Você tem que se firmar como forte também, sem precisar recorrer a papai ou mamãe, mostrar que tem vigor dentro de si que o faz ser quem é. Dizem quem os menores são os mais atrevidos, pode ser, mas tenha caráter acima de tudo.

          Há casos complexos de famílias onde os pais mais parecem coelhos ou preás, existem filhos/as espalhados por aí – o que não é meu caso – e principalmente uma grande safra dos filhos/as têm pais separados por banalidades ou fatalidades da vida. Seja qual for sua história, você é filho/a de pais separados por qualquer motivo. Então vamos partir daí para falarmos das diferenças dos/as irmãos/ãs que saem do mesmo ventre e nunca são iguais em personalidade, caráter ou qualquer coisa que possam ter em comum.

          Sou filho mais velho de um casal frustrado pelas brigas, desconfianças, traições e violências vividas nos poucos anos de convivência. Juntos eles conceberam eu e meu irmão de 29 anos, dois anos mais novo. Depois disso cada um pegou seu rumo e ambos casaram-se e conceberam mais duas novas safras de irmãos/ãs, ou seja, um casal pra cada lado.

          Como morei até os 12 anos com meu pai, convivi com meus meio irmãos, o que de certa forma foi prejudicial pra mim, não por eles, mas porque tive uma madrasta que esqueceu de mim e deu preferência aos filhos, sendo tudo que sobrava – quando sobrava – para mim. Isso foi injusto, cruel e eu mesmo sendo muito novo, nunca admiti isso e recorria ao meu pai. Este adorava ver o circo pegando fogo, quando aconteciam brigas, das quais muitas vezes alguém saía machucado e ele simplesmente alimentava essa raiva que existiria por anos. Meu pai apenas me vestia quando era motivos festivos, fim de ano, ou evento religioso, sei lá, pra não mostrar que ele era um pai presente, sendo ausente, e claro, poucas foram às vezes pelas quais pude escolher o que vestir e calçar, porque sempre o orçamento pra ele era apertado e aquilo era um suplício, ter de comprar um sapato que eu não gostava, uma camisa que não me caía bem. Tudo bem, tem gente em situação pior que a minha e isso de certa forma nunca me incomodou, mas o que incomodava era meu pai se fazer ausente na maioria das vezes.

          Com meus irmãos mantive uma relação pouco amistosa, não gostava deles, justamente por ser maltratado pela mãe deles, e como as coisas eram de forma hierárquica, o que sofria nas mãos dela e fazia meus irmãos sofrerem. É cruel dizer isso. Hoje esses dois irmãos: uma menina e um menino, hoje são adultos e pessoas responsáveis. Minha irmã casou-se após concluir o ensino médio, me deu uma maravilhosa sobrinha que me ama e de certa forma hoje temos uma união muito boa, eu a amo de coração e adoro sempre quando posso visitá-la. Meu irmão, por apego em demasia a “barra-da-saia” da mãe acabou se tornando uma pessoa vazia, sem conteúdo aplicável ao mundo, se tornou uma pessoa com problemas, dificuldades na escola, com problemas neurológicos, com meu pai criando problemas como fazia comigo. Minha satisfação foi ver seus olhos de alegria quando dei a minha coleção de CDs do Legião Urbana pra ele. Me desfazer dela foi um suplício, mas ver sua alegria em ter quase toda discografia da minha banda predileta não tinha preço que pagasse. Logo ele, o caçula dos irmãos, que meu pai até deu uma bicicleta de presente, presente que todos os garotos gostariam de ter e que nunca fui contemplado com uma, isso é um trauma que carrego até hoje, acreditem, sempre sonhei em ter uma bicicleta e hoje posso ter, mas não é a mesma alegria, não é a mesma felicidade de ter uma presenteada pelo seu pai. Quando ele era pequeno sua mãe, que agora é uma grande amiga, e eu aprendi a amá-la, me pediu que eu o batizasse. Isso pra mim foi um grande pedido de desculpas e me sentir muito bem com isso. O mundo dá voltas, caro leitor, isso é fato!

          Eu sentia muito quando voltava na casa do meu pai e via meus irmãos sofrendo o que eu sofria, ver meu pai os tratar como fazia comigo, aquilo me doía, trazia a tona toda aquela raiva contida. E me pergunto por que Deus tem planos tão complicados em nossas vidas? Por que deveria nascer justamente numa família com problemas? Sei lá, às vezes dá uma nó e prefiro pensar que evoluí e hoje sou o que sou por ter sido aquele de 10 ou 20 anos atrás.

          Por parte de mãe vivi pouco com meus irmãos que ela teve com seu novo marido. Por curtíssimo período de quase nove meses praticamente, sendo que o caçula dela nunca morou com eles, foi dado em adoção para seus padrinhos, onde vive até hoje. Claro, ele sabe quem são os pais dele e seus verdadeiros irmãos, mas isso não seria motivo dele recusar os seus verdadeiros pais que o criaram e deram amor, num lar com estrutura melhor do que ele poderia ter vivido. Mas por um lado ele é uma pessoa fechada, dentro de si e que poucas às vezes nas quais conversei com ele foi fazendo muitas perguntas pra poder chegar a uma satisfação. Tive que resolver um problema com ele a pedido de sua mãe adotiva, o que fez recorrer a mim pela integridade e seriedade que via na minha pessoa e eu fiquei agradecido demais por essa observação.

          Minha irmã por mãe era mimada por um pai que realizava seus caprichos, mas quando da morte dele viria a se tornar uma pessoa consciente, verdadeira, sincera e justa em algumas ocasiões. Estou tendo a oportunidade de morar com ela novamente e dessa vez estamos completando dois anos de convivência saudável, amiga e companheira. Ela é divertida, amiga, brincalhona, eu amo ela de graça e acredito que a recíproca vem de igual.

          Voltando para meu irmão, aquele dois anos mais novo, esse tem sido um problema, uma dificuldade de conviver. Fatores demais nos fazem totalmente diferentes, seja em gostos, preferências, hábitos, tudo vem na contramão da disparidade que somos. Não quero enumerar nossos problemas, mas sinto que antes, quando crianças éramos mais felizes e descomplicados, hoje somos longe, moramos sob o mesmo teto, parece morarmos em países ou continentes distantes. Sinto porque tentei mudar essa realidade e não vi resposta satisfatória do lado dele. Ele me deu um sobrinho, fruto de um relacionamento tempestuoso e complicado, pelo qual sempre tentei avisar que não era uma boa, mas conselhos, meus amigos leitores, se fossem bons já teria aberto uma lojinha vendendo-os por peso ou dúzia. E hoje vejo no meu sobrinho toda minha história se repetindo, todos os problemas acontecendo, toda a realidade que um dia vivi e não desejaria pra ninguém, ele está vivendo. Isso é uma angústia na minha vida, sei que ele pode ser um guerreiro ou um fracassado na vida, dependerá de como ele verá toda a situação em sua volta e como irá repercutir nos anos de dificuldade.

          Bom, vocês agora tiveram um visão de ser irmão/ã em uma família de separados. Essa não é a tônica, mas é uma caso a parte, podem existir sim irmãos/ãs de pais separados, irmãos/ãs que são separados por pais, mas que se dão super bem ou se odeiam de corpo e alma. Sua solução estará em como você verá a situação antes de julgar como deve ser seu procedimento com cada um deles/as. O importante nessa história é ser justo, autêntico, fiel, amigo, defensor, acolhedor, conselheiro, etc. elementos que formam o bom caráter de qualquer ser humano e como esse ser humano foi dado por Deus pra ser seu/ua irmão/ã, faça-o valer a pena na aposta que Ele fez em você.

JONASCIMENTO

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