CORAÇÃO DA FÉ; ESCOLA DA RAZÃO

Alguma vez você já parou pra se perguntar como uma pessoa que se diz convertida, da noite pro dia, sabe mais de Bíblia do que você? Por que elas têm respostas prontas para tudo? Como foi esse processo de “catequização” dela? Eu me pergunto.

Também me pergunto como determinadas correntes dentro na nossa igreja católica – aqui prefiro não dizer quais, mas que todos sabem – se dizem “donas” das razões e detentoras do saber católico, sua história e seus conhecimentos sobre todos os fatos que ela carrega desde da unção da Igreja pelo Espírito Santo.

Todo pesquisador que se preze, ao defender sua tese, falar sobre fatos e correntes, dentro dos assuntos inerentes a seu objeto de pesquisa, devem passar por várias fontes, várias fórmulas, vários comentários, opiniões, sem contar que o pesquisador deve levar em conta o ambiente histórico daquele fato, seus impactos, política, religião, fatos da época, geografia, economia, tudo levará a ser um bom pesquisador.

Quando o assunto é Igreja Católica Apostólica Romana, não se pode levar em conta dissidências religiosas de outras religiões. Então prefiro me dirigir diretamente aos católicos que estarão lendo esse artigo.

Quem ama sua Igreja de verdade nem sempre diz “Amém” pra tudo que vê, no mínimo questiona fatos e documentos – como não questionar determinados dogmas e as bulas infalíveis, onde o que se lê até aqui seria “o papa não erra?” – tenta ser questionar os famosos “por quês” da nossa vida, principalmente quando você cresce e vive nessa Igreja.

Quero deixar bem claro que não sou da ala “protestante interno” da Igreja, mas sou a favor do conhecimento dos fatos e da história desencadeada no cotidiano de nossas vidas. Amo minha Igreja pelo que ela quis ser nos primórdios da fé, a ferro e fogo, onde o amor por Jesus fazia os cristãos compreenderem que morrer era apenas um caminho pra chegar ao sonho de Jesus, a vontade de Deus, o que os romanos zombavam e riam sem entender esse amor louco que fazia a diversão da massa romana. Acredito que minha Igreja é pura, pecados só existem em seres de carne e osso, que raciocinam e matam pelos seus “ideais infalíveis”.

Se minhas fontes de pesquisa incluem, protestantes, ateus, não-cristãos, acredito que vou enriquecer meus conhecimentos. Vou amar mais ainda as fontes cristãs católicas que tem a visão além da fé, que usa sua razão para falar das verdades. Eles ganharam pontos comigo.

Não podemos deixar de questionar quando perguntas surgirem. Saber de onde vem determinada tradição é uma obrigação de todos crente, não se vive a fé sem saber o porquê celebrar essa fé. Deus Existe! Eu sei disso, porque minha fé, que foi passada pelos meus pais e amigos me dizem isso. Mas por que acreditar em Deus, se nunca o vi? Acredito em Deus pelas promessas escritas; pelo amor que ele concebeu aos seus filhos escravos em fuga no deserto; por fazer impossíveis ao povo descrente; por dar seu primogênito a esse mesmo povo infiel; nas maravilhas de um mundo tão cheio de esplendor e beleza, de uma diversidade incrível e muitas vezes nunca vista pelo homem; acredito que o mundo não foi feito apenas em seis dias, acredito que Deus fez tudo com carinho olhando sua criação e amando ela a cada toque, a cada cor, a cada par de olhos postos nos seres vivos, a cada coração batendo, a cada sopro que deu em cada uma dessas criaturas, ao amor que teve ao conceber o homem.

Mas esses fatos realmente precisam ser escritos. Não foi a toa que a tradição oral desses infiéis, o povo escolhido por Deus teve seu auge quando surgem os primeiros escritos, a necessidade de passar sem perder nenhum detalhe essas vitórias alcançadas. O que seria de nós cristão-católicos sem esses livros tão preciosos, muitos excluídos da formação original da Bíblia, outros que serviram de padrão para dogmas hoje afirmados pela Igreja – diga-se de passagem, a concepção imaculada da mãe de Jesus, sua virgindade, sua história no decorrer do tempo com seu marido de guarda (José era seu tutor, não marido de fato, visto que o mesmo era idoso demais e Maria era tida como santa já naquela época, vide apócrifos).

Quando foi aberto um concílio para discernir o que seria a leitura obrigatória da Igreja, por volta dos anos 300 da era cristã, Constantino, imperador romano que viu algo além da fé nessa Igreja que fora oficializada, e em sua concepção a Igreja deveria seguir algumas regras e o que não servia aos seus propósitos deveriam ser descartados, e assim se foram muitos livros de comunidades, que a Igreja combatia como “heresias e/ou gentis”. Mas não é o próprio Jesus quem diz aos seus apóstolos: “Quem expulsa demônios e prega em meu nome não podem ser meus inimigos”? Como posso dizer que essas seitas cristãs são indignas de fazerem parte do Reino? A quem foi dada autoridade para tal julgamento? Jesus também diz em outro momento: “Não Julgues para não ser julgado”.

Bom quis aqui dizer nesses questionamentos que amar sua Igreja é essencial, mas conhecer sua Igreja e sua história é fundamental. Ser racional/amoroso não faz mal a ninguém, termos os dois para a fé são fundamentais. Por isso que protestantes não vem conversar comigo sobre suas igrejas serem as certas; as que levam pra Jesus; a que faz você conhecer Jesus, porque a Católica se perdeu no tempo, não tem conteúdo, não conhece a Bíblia. Eles têm razão quando falam das pessoas que vão para a Igreja apenas como número do IBGE, constar como católicos numa pesquisa. Ser Igreja é servi-la, contribuir para o crescimento dela, estudá-la, compreendê-la, ensiná-la aos menos favorecidos. Ser Igreja de cristãos verdadeiros é saber o que você lê na Bíblia, saber o que sua Igreja quer quando cria uma bula, uma carta pontifícia, um catecismo, o que os santos queriam dizer em diferentes épocas da história da Igreja e sua contribuição para a mesma.

Viva sua fé: conheça Deus; ame sua Igreja, estude sua história e estrutura.

JONASCIMENTO

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